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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Entendendo o que é Logística e Transporte de Produtos Farmacêuticos

Entendendo o que é Logística e Transporte de Produtos Farmacêuticos

Por Ricardo Murça

Todos os dias somos bombardeados por uma gama de informações, mudanças de legislação, novas exigências, multas, fiscalizações e normas que mal sabemos que existem. Tudo para deixar o empresário perdido.
Pequenas e médias empresas, em geral, sofrem mais com a falta de informação e são as que mais carecem ou solicitam a ajuda de profissionais com conhecimentos na área.

O Assunto de Hoje é o Transporte e Logística de Produtos Farmacêuticos, os quais contemplam os Medicamentos, as Drogas (lícitas e controladas), os Insumos Farmacêuticos, os Cosméticos, Produtos de Higiene, Perfumes, Acessórios e Equipamentos Médico-hospitalares e para a saúde e os Saneantes Domissanitários (uma espécie de produtos para a limpeza de estabelecimentos de saúde).
A regulação desta atividade já é conhecida no meio profissional há muito tempo e também já é realizada, de forma discreta, há mais de 20 anos. Nos últimos 10 anos os CRF’s e a Anvisa vêm cobrando as Boas Práticas dos empresários e empresas que prestam estes serviços o que vem gerando certa revolta, muitas vezes causadas por desconhecimento.
Por este motivo resolvi escrever este pequeno artigo que visa elucidar, junto com alguns outros presentes em minha página ou BLOG’s que mantenho.

Primeiramente gosto de dividir os assuntos e elucidar de modo correto os enquadramentos:
• Transporte: Consiste em levar os produtos de um ponto ao outro, sem armazenamento, sem parada, sem entrepostagem, sem picking. As Vigilâncias Sanitárias já têm conhecimento destas definições logísticas e estão mais atentas;
• Armazenamento: Não inclui o transporte e é somente a atividade de armazenar e movimentar os produtos dentro do galpão, incluindo atividades de cross-doking e picking;
• Logística: É um tipo de atividade que inclui tudo isso. O operador logístico pode transportar, armazenar e distribuir os produtos, manipular, executar o cross docking, o picking e outras atividades pertinentes. Pode incluir todos os tipos de modais do transporte, pode estar localizado em uma zona portuária ou não;

Para o CRF SP, uma empresa que possui em seu contrato social a atividade de logística, deverá manter um profissional farmacêutico por todo o período de funcionamento.
Caso o contrato tenha atividades de transporte, mesmo com armazenamento, a empresa poderá manter o profissional por 20 horas semanais.

No contexto da Anvisa, não existe, ainda, um assunto, um peticionamento ou uma licença para empresas de Logística. Neste caso, segundo a Res. 222 de 2006, a empresa deverá enquadrar-se como empresa Armazenadora e solicitar ampliação de atividades.

O medicamento e os demais produtos farmacêuticos no contexto comercial

No início de 2004 me lembro que muito se debatia e se comparava da seguinte maneira:
“Se para transportar medicamento eu preciso de farmacêutico, então para transportar tijolo eu preciso de um engenheiro”
Parando para analisar uma caixa de sabão em pó e uma caixa de medicamento as duas são caixas, indiscutivelmente. E se formos argumentar, como fica? Piora.
Por isso, vou explicar o que é medicamento, como é obtido e poderemos estender o entendimento para os demais produtos farmacêuticos.

• Medicamento é um produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico.
pt.wikipedia.org/wiki/Medicamento
• substância utilizada para sanar uma doença ou atenuar seus efeitos; tudo aquilo que pode ser usado para resolver ou minorar um problema, uma situação complicada
pt.wiktionary.org/wiki/medicamento
• “Toda a substância ou composição com propriedades curativas ou preventivas das doenças ou dos seus sintomas, do Homem ou do animal, com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou a restaurar, corrigir ou modificar as funções orgânicas.” (Dec.- lei 72/91 de 8 Fevereiro)
wikilusa.com/wiki/Farmacologia
• Preparação farmacêutica contendo um ou mais fármacos, destinado ao tratamento, prevenção, diagnóstico, correção ou modificação das funções orgânicas.
www.kahost.com.br/blog/archives/10.

Eu, Ricardo, particularmente gosto mais desta descrita abaixo e entendo que é a mais aceita e ensinada no Brasil:

A Farmacopéia brasileira dá a seguinte definição: "produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico. É uma forma farmacêutica terminada que contém o fármaco, geralmente em associação com adjuvantes farmacotécnicos." (Resolução RDC, nº84/02).

Falando de forma bem profissional, como farmacêutico, dentro daquela caixinha de papelão existe um produto que tem as seguintes características:
• É destinado à saúde, ao consumo humano, à recuperação da saúde e tratamento de doenças;
• É obtido, em geral, após uma ou duas décadas de estudos, envolve bilhões em investimentos de pesquisa e segurança;
• Envolve o maior arsenal de legislações, boas práticas e técnicas de produção;
• Envolve, no mínimo, uma centena de profissionais para a produção de um produto básico, como uma Dipirona;
• É produzido em ambientes extremamente controlados, estéreis e constantemente vigiados e fiscalizados.

Bem, eu cansei de falar dos medicamentos e digo que, grosso modo, não tem o mesmo modo de produção de um tijolo. Ou tem?
Trata-se de uma atividade especializada.
Hoje sou empresário e farmacêutico e ainda não consigo comparar. Transporto peças automotivas e medicamentos e consigo discernir matematicamente, em meu faturamento, o contexto de cada um em minhas atividades.

O Farmacêutico é ponto pacificado neste contexto. Vejo o Conselho de Farmácia batendo firme na cobrança da presença dos profissionais nos estabelecimentos e transportadoras e dou meu apoio, com ressalvas. Digo com ressalvas por que o processo de responsabilidade ainda está engessado. A atividade de transportes e logística é dinâmica, exige a presença do profissional onde está a carga, onde ocorre a operação, no cliente, nos órgãos fiscalizadores e ainda é exigida a presença do profissional, sentado em uma cadeira, atrás de uma mesa.
Tecnicamente, o profissional tem se mostrado dinâmico e está atuando na gestão de documentos, na área comercial, com apoio ao Marketing, nos setores de qualidade implantando e coordenando processos e nos regulatórios da empresa. Muitos colegas estão atuando diretamente no operacional e em atividades de administração e gerência. É um profissional que se paga.

Aspectos financeiros e comerciais
Comercialmente, ambas as atividades tem um crescimento estimado em torno de 43% ao ano, para pequenas e médias e superior a 60% para as grandes. Isso por que grandes operadores, em geral, tem a capacidade de absorver maiores contas e agregar atividades, ao passo que os menores optam por situações menos complexas.
Existe um nicho gigantesco de atuação e milhares de portas aguardando por um representante. Vale a pena!
Existe também um lado obscuro desta atividade, mais prostituído e ainda não sanado.
O fabricante, segundo as Boas Práticas de Fabricação, deve qualificar seus prestadores de serviços. Logo seu transportador é qualificado, certo? Sim, mas não é bem assim que funciona.
Para uma boa atividade, um bom serviço e uma qualidade neste transporte, são envolvidos gastos que encarecem o frete. Os grandes repassam os gastos o que encarece o custo de produção, o custo ao consumidor e, consequentemente, a margem de lucro e margem de negociação com distribuidores e varejistas. É um ciclo do capitalismo.
Neste contexto, qualifica-se o Distribuidor que ficar com a maior parte, o Transportador que transportar a carne mais nobre e o operador que ficar com a mercadoria mais visada, podendo ser dois ou três de cada tipo. Mas e a poeira disso tudo? E o micro distribuidor, o micro transportador... São qualificados? A resposta é não e é isso que precisamos combater por um mercado mais justo.
Identificamos, aqui, até mesmo os empresários que possuem as licenças emprestando licenças, terceirizando os serviços com empresas não licenciadas. É simplesmente antagônico.

Licenciamento
O licenciamento é simples, pode ser feito por um farmacêutico contratado ou por uma empresa de consultoria. Eu, não por ser dono de uma empresa de consultoria, indico que se faça com empresas conhecidas e especializadas. Indico a M.Care (www.mcare.com.br), e reconheço que existem outras boas no mercado.
Esta fase implica em um investimento, onde contrataremos o farmacêutico, um consultor e o custo com licenças. É uma moedinha num mercado altamente promissor.
Conheça mais detalhes sobre o licenciamento em www.mcare.com.br ou entre em contato: contato@mcare.com.br

Particularidades técnicas das atividades
Confira no próximo artigo!

Grande abraço

Ricardo Murça
M.Care Consultoria
Anvisa & Assuntos Regulatórios