Translate

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Poucas e boas sobre o Congresso Paulista de Farmacêuticos 2010 – CRF SP

http://ricardomurca.blogspot.com/2010/09/poucas-e-boas-sobre-o-congresso.html

Por Ricardo Murça, com publicação independente.

- Não via um Congresso tão animado assim há anos!
Esta foi a impressão de um importante colega, farmacêutico, da velha guarda na tarde de domingo, o que não era nenhuma mentira.
Neste ano fiquei no estande do Sinfar, no ano passado não pude participar por estar fora do Estado e no ano retrasado fui como visitante e no retrasado fui como estudante. Bem, lembro destas 3 edições, me perdoem.
Resolvi escrever sobre esta edição por que percebi algo importante no Congresso que foi o Profissionalismo com que o congresso foi tratado. Erros e acertos foram tratados de forma a construir a próxima edição e o que saiu bom certamente será tratado de forma a virar ótimo. Percebi esta evolução da antepenúltima para esta edição.
A evolução técnica foi evidente, muito graças á comissão que compôs a base científica do congresso. Ouvi poucos se queixando da qualidade das palestras ou uma ou outro comentário sobre temas que ainda são difíceis de serem tratados. Ainda não vi perfeição nesta terra e seria demais sobrar isso de uma estrutura tão complexa.
O tema do congresso foi bom, mas não percebi um envolvimento das entidades, convidados e participantes. O Brasil ainda está aquém do pensamento sustentável e acredito que em 2 ou 3 edições o CRF poderá repetir a dose com a mesma proposta e maior envolvimento.

Voltando o estudo mais para o lado que atuei, o Sinfar acertou na formulação de sua estratégia e, junto com o CRF, está de parabéns. Primeiro por que está muito claro para os farmacêuticos o papel de cada entidade e em segundo por que consegui perceber que a tensão superficial que eu notava há tempos atrás acabou. Percebi duas entidades trabalhando por um objetivo comum.
Os profissionais mais experientes e com mais tempo de bancada perceberam e pararam para conversar conosco, no estande do Sinfar sobre este assunto. Estavam contentes por conseguir distinguir cada uma das entidades e seus papéis e ao mesmo tempo sabiam que os dois trabalham por um só objetivo: O Farmacêutico e a Farmácia.
Neste contexto, o Sinfar foi direto ao encontro dos anseios dos profissionais, resultado de uma pesquisa realizada há 4 anos, com o fortalecimento dos benefícios, ofertas, produtos, serviços e de suprir as necessidades da categoria, através do Departamento Assistencial e da Bolsa de Empregos, tendo em mente que ainda pode e vai melhorar muito e que estamos aquém do que a categoria merece.
“Neste congresso lançamos o Turismo do Trabalhador, em parceria com o Ministério do Turismo e Banstur, que oferecerá a real oportunidade do profissional farmacêutico tirar férias com sua família e ter acesso ao turismo”, dis Glicério Diniz Maia, Diretor Assistencial do Sinfar. Além disso, Glicério diz que o Sinfar trouxe ao Congresso Paulista ofertas realmente interessantes ao Farmacêutico, como planos de saúde diferenciados, o Farmaempreg que está sendo reestruturado, seguros e um guia de serviços com muitas vantagens.
A categoria está percebendo que na economia que vivemos a estrutura que dispomos no Sindicato é essencial para a negociação salarial e estar junto do Sindicato é necessário. Estar junto do Sindicato e ainda tendo vantagens é ainda melhor e mais vantajoso.
Eu, Ricardo, por exemplo, tenho uma necessidade oftálmica em que necessito realizar a revisão e troca de minhas lentes de óculos semestralmente. Uso o oftalmologista 2 vezes ao ano, ao custo de R$ 15,00 a consulta normal e R$ 50,00 a completa com exame de fundo de olho. Nos óculos eu tenho 20% a 30% de desconto nas lentes e 15% na armação. Só no primeiro semestre já pago a anuidade do Sindicato que é de R$ 60,00. Em 2008 viajei com a minha esposa para uma pousada em Ilhabela que é conveniada com o Sindicato e deixei de gastar R$ 170,00, que usei para um passeio de Jipe na Ilha. Pra mim vale a pena!
Para terminar de falar do Sinfar eu percebo que poderia ser interessante que a categoria desse um voto de confiança para esta Diretoria e procurasse o Sindicato como um investimento de médio prazo. Esperar um milagre pra já é como fazer a dança da chuva, pode ocorrer por coincidência. Mas acredito no projeto para um médio prazo e o meu médio prazo é de 3 a 5 anos. Farmacêutico, associe-se ao Sinfar!

Falei tanto de tudo e precisei lembrar que o que faz um congresso bom ou ruim é a categoria. E que categoria! Composta por cerca de 65% de mulheres, a Farmácia brasileira é um exemplo de profissão. Os homens presentes sentem-se contemplados por uma atmosfera de coragem, de luta e sucesso. Cito aqui 3 mulheres próximas e que, para mim, são exemplos que servirão para futuras gerações: Gilda, minha amiga Gildinha do Sinfar, por quem tenho carinho e um grande amor, Raquel, Presidente do CRF SP, que lidera a entidade com perseverança e, eu acredito, com amor, e minha esposa, Marcela, uma profissional que superou as dificuldades da profissão e hoje exerce uma tarefa difícil, pouco reconhecida, mas de extrema responsabilidade. Farmacêuticas brasileiras, sintam-se reconhecidas.

Quanto aos homens, devemos reconhecer que por anos lideraram e contribuíram, continuando contribuindo sobremaneira, com nossa profissão. Encontrei ícones como Marcio Fonseca, Marco Aurélio Pereira, Dirceu Raposo, Paulo Paes, Jaldo de Souza Santos e outros colegas próximos e que são de uma nova geração de líderes, como Rodnei, Bruno, Clayton, Rogério e Glicério. Perdoem-me aqueles que não tenho maior relação e não citei. Sintam-se contemplados pelo reconhecimento.

Memória curta: Vocês sabiam que a maior parte dos profissionais citados, presidentes e líderes foram formados, iniciaram-se ou foram diretores do Sindicato? Bem, aos que não sabiam, é conhecimento, aos que já sabiam, refresco a memória e àqueles que esqueceram, lembrem-se!

A profissão, em meu ponto de vista, passou por grandes transformações. Quando conheci a farmácia, através de um amigo da família, a profissão era de poucos, de muitos que assinavam. Comecei a trabalhar em uma rede com 16 anos, fui auxiliar, caixa e balconista. Trabalhei com uma grande profissional, Dra. Miriam Dias Masch, em Santos. Afastei-me para estudar, estudei, estudei farmácia, militei como estudante no MEF, Centro Acadêmico, Atlética e EREFAR SP.
Durante os estudos acompanhei o debate das diretrizes curriculares, do profissional presente na farmácia, assistência integral, a efetivação da Anvisa, o Genérico, o Similar, a mudança da indústria, a Globalização e Mercantilização do Ensino, da Saúde e o Medicamento sendo tratado como mercadoria. Quase senti na pele a alteração do currículo de farmácia. Da entrada na faculdade até hoje são 10 anos de intensa atividade junto à profissão.
Entrei na Associação e depois no Sindicato, fiz parte da Comissão de Ética no CRF SP. Fui vidraça, mas já fui pedra também. Critico quando há necessidade, participo do processo de construção e reconheço quando há de ser reconhecido. Sou politizado.
Hoje, soam ruídos de melhora nesta imensa sinfonia farmacêutica. Acredito ainda que necessitaremos destilar a profissão como fazem os advogados, só que de uma forma mais humana, que não puna diretamente a ponta e sim que qualifiquemos a educação como um todo. Vivemos uma educação de pirâmide invertida, saturou, chega!
Nossa fórmula, colegas, é simples. Participação! Tem que participar do CRF, do Sindicato, da sua Associação. Aos colegas que não gostam da Política, reconheçam que ela é necessária, politizem-se (saibam o que é, interem-se), e apóiem, ajudem aos que sabem e gostam e cobrem, fiscalizem seus representantes. Participando das entidades vocês ajudam com recursos aqueles que gostam de lutar pela profissão.
Parem de reclamar se fazer nada, é preciso agir. Na nossa vida, profissão e em tudo o que fazemos 10% é o que acontece sem que tenhamos culpa, sem que queiramos ou sem que tenhamos interagido para que estes 10% tenham acontecido, os outros 90% são as nossas atitudes e tudo o mais o que podemos fazer para reagir aos 10%. A atitude é maior do que tudo.

O artigo, vocês bem notaram, foi uma conversa, um discurso, um conto, um bate papo. Preferia uma mesa repleta de colegas para tratarmos disso e sei que em breve terei este prazer.
Estou no Sinfar, ainda sem dia e data definidos para ser encontrado lá dentro, mas estarei inaugurando e criando a Diretoria Regional de São José dos Campos e já conclamo os colegas, profissionais, farmacêuticos proprietários a juntarem-se a nós lá no Vale do Paraíba, com a Associação, o CRF SP na sua Diretoria Regional com o colega André (ótimas referências), com quem desejo conversar e ajudar a fortalecer a região.

Um grande abraço a todos!

Ricardo Murça